quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017


Alexa é uma jovem e promissora bailarina que sofre um acidente e fica em cadeira de rodas. Só que ela não se entrega, sabe que viver ainda é a melhor vingança. Mas sonhar, tirar os pés do chão: meu Deus, como se faz isso? Vive a comparar sua vida com a lagarta no jardim, sempre agarrada às folhas e voraz. Arrastando-se por coisas vãs, possuindo e sendopossuída por elas. Pensa que essa lagarta não é boa nem má: é uma lagarta. Se destrói o verde, vai tentar se redimir pelo resto da vida, borboleta. À noite, Alexa vive o seu lado escuro. É ela agora que se arrasta sobre lençóis. O mal faz bem. As pessoas são folhas, sempre devoradas. E folhas suficientes naquela casa. Mãe Maria, Taís, Berenice, Paula, Silvia, Lola e também a governanta. E logo começa a voragem. Para proteger a futura borboleta, Alexa esconde a pequena ninfa em sua crisálida íntima. Entre as pernas e o delta púbico. A partir daí, começa sua outra e insólita fase de mulher. Metamorfose, agora colorida e de asas. Asas, sim, verdadeiras e reais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário